O juiz Sérgio Moro determinou que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito contra o ex-governador Beto Richa (PSDB)para apurar as denúncias sobre um suposto favorecimento à construtora Odebrecht na licitação da PR-323, no Noroeste do Paraná. A investigação foi assumida pelo juiz depois que Richa perdeu o foro privilegiado por deixar o cargo no governo para concorrer ao Senado.
As informações foram divulgadas pelo G1 neste sábado (12). De acordo com a reportagem, Moro deu um prazo de 30 dias para que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) continuem com as investigações.
O envio das denúncias contra o ex-governador para Moro foi determinado pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a pedido da Procuradoria Geral da República.
Richa foi citado em delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. De acordo com os depoimentos, ele recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha eleitoral de 2014. Os valores teriam sido lançados como despesas no projeto de duplicação da PR-323, na qual a construtora atuou.
Áudios
Uma reportagem da revista ISTOé, divulgada na quinta-feira (10), revelou aúdios que indicam que o governo de Richa atuou para favorecer a Odebrecht em uma obra bilionária.
Na gravação, um dos homens fortes da política paranaense nos últimos sete anos e então braço-direito de Richa, Deonilson Roldo, foi flagrado em uma conversa, em fevereiro de 2014, na qual afirma que havia um “compromisso” para que a Odebrecht vencesse a licitação da PR-323.
No diálogo, Roldo tenta convencer Pedro Rache, diretor-executivo da Contern, uma construtora do grupo Bertin, a desistir da licitação para duplicação da PR-323, pois, segundo o chefe de gabinete, a obra já estaria prometida para a Odebrecht. O encontro foi realizado em 24 de fevereiro de 2014 dentro do Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná.
Nota de Richa
Em nota, Richa diz que “desconhece qualquer encontro do seu então chefe de gabinete com representante da construtora mencionada. De qualquer forma garante que nunca autorizou qualquer pessoa a fazer tratativas para interferir em qualquer processo licitatório em seu governo”. Ele também nega que tenha recebido caixa dois para a campanha eleitoral de 2014.
Versão de Roldo
Deonilson Roldo nega haver um entendimento para favorecer a empreiteira Odebrecht. Após a divulgação dos áudios, ele foi exonerado do cargo que exercia na Copel. “Há um equívoco de interpretação. Eu apenas defendia o interesse do Estado. A obra acabou não sendo construída pela Odebrecht, que teria sido favorecida”, diz Roldo, de acordo com o Blog de Fábio Campana.
A Odebrecht informa que “Assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala. Implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes. E adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência”, registra em nota.