A pesquisa entre estudantes pode ir além de laboratórios e dos muros da escola. Alunos de um colégio estadual de Jardim Alegre, no norte do Paraná, decidiram ajudar crianças e jovens que não têm uma das mãos inventando uma impressora 3D a partir de peças que virariam sucata.
Com o equipamento, a escola passou a imprimir próteses de mãos. A proposta ultrapassou fronteiras e chamou atenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que citou o projeto em um relatório sobre sustentabilidade.
Alunos do ensino médio e técnico e professores do Colégio Estadual Cristóvão Colombo desenvolveram, ao longo de um ano, o equipamento em conjunto com um engenheiro de Ivaiporã.
A ideia surgiu depois que a presidente da Associação Dar a Mão, de São João do Ivaí, criada para ajudar pessoas que têm a Síndrome de Brida Aminiótica ou um dos membros amputados, comentou com a diretora do colégio sobre a necessidade de apoio.
O grupo constatou que entre os 15 mil habitantes de Jardim Alegre, onze não tinham uma das mãos. Foi então que a diretora decidiu lançar a ideia para os alunos, que toparam na hora.
“A presidente da associação tem uma filha que nasceu sem uma das mãos e, durante uma conversa, falou que a entidade precisava de ajuda. O colégio entrou como parceiro desse projeto criando a impressora”, conta a diretora do colégio Sara Jane Jean Domingo Al-Ghadban.
Com a ajuda do engenheiro, os alunos reuniram peças velhas de computadores e outros eletrônicos para montar a impressora que, no fim, custou R$ 1.000.
O projeto deu tão certo que em fevereiro deste ano o governo do estado deu uma impressora 3D novinha para o colégio. Com isso, a instituição tem dois equipamentos à disposição.
Depois disso, os estudantes participaram de cursos para aprender a imprimir e a mexer em um software gratuito americano para a construção de dispositivos nessa máquina. O treinamento foi realizado pelo Núcleo de Pesquisa de Tecnologia Assistiva da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
“A associação recebe os pedidos de produção de prótese e nos passa. Depois da solicitação da associação, produzimos os dispositivos com filamento de polipropileno. Não cobramos nada pela produção, o dinheiro necessário para a elaboração dos dispositivos vem da comunidade e as próteses são doadas. “, conta Sara Jane.
Organizações das Nações Unidas (ONU)
A pesquisa e a criação das próteses pelos alunos e professores do colégio ganhou notoriedade e foi citada em um relatório das Organizações das Nações Unidas (ONU) em 2017.
A diretora Sara Jane Al-Ghadban explica que o projeto foi citado por atender as metas de inclusão social e preocupação com a sustentabilidade estipuladas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.