Saúde orienta sobre acidentes com animais venenosos e peçonhentos

20 de janeiro de 2020 às 13:19

Os acidentes com animais venenosos e peçonhentos são relativamente comuns, mas podem ser evitados. A Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações (DVZI) da Secretaria de Estado da Saúde registra anualmente, em média, 17 mil acidentes com animais venenosos e peçonhentos. São notificações de picadas com ou sem gravidade que passaram pelo sistema de saúde.

Os peçonhentos são os que têm a capacidade de injetar substâncias tóxicas por meio das presas. Já os venenosos são aqueles que causam envenenamento passivo por ingestão ou contato, como as lagartas ou taturanas, os sapos e peixes, como o baiacu. Isso ocorre como forma de caça ou ainda de defesa em relação a algum predador.

Quando um animal se sente ameaçado, ele pode se defender do predador ou ameaça usando o veneno. A quantidade, e a variedade, de animais que tem veneno é grande: serpentes, aranhas, escorpiões, lagarta, abelhas, peixes, arrias, águas-vivas e caravelas.

Em 2019, o total de acidentes contabilizado foi de 17.074 registros. O chefe da DVZI, biólogo Emanuel Marques da Silva, relata como é a ocorrência no Estado. “Nos períodos mais quentes do ano, que coincide com as férias, há um aumento de circulação de pessoas em áreas mais afastadas, como trilhas, parques e atividades ao ar livre, o que aproxima as pessoas do ambiente natural dos animais, como as serpentes, aranhas, e até peixes”, comenta o biólogo.

Além de se deparar com animais em locais de natureza mais exuberante, as próprias residências podem ser ambientes propícios no período de férias. “É bastante comum que as pessoas viajem nessa época e deixem as casas fechadas. O ambiente fica escuro e sem interferência humana. Dessa forma, os animais saem dos seus locais e percorrem mais livremente as residências. Ao retornar é comum encontrá-los em diversos locais de risco para o acidente”, esclarece Emanuel.

ÓBITO – Entre os acidentes ocorridos no último ano, 14 pessoas foram a óbito após serem picadas por algum animal peçonhento ou venenoso. Destes, seis mortes foram causadas por serpentes, dois por aranhas e outros seis por abelhas.

Para evitar complicações após ser picado, a Secretaria da Saúde orienta procurar atendimento médico logo que perceba a picada. “Nossa indicação é sempre procurar o serviço médico assim que constatar que foi picado. A rapidez no atendimento auxilia na redução da gravidade da ação do veneno e evita danos mais severos ao organismo”, reforça o biólogo.

COMO EVITAR – Os cuidados para evitar acidentes com animais venenosos e peçonhentos dependem do ambiente. Manter sempre os locais sem lixo, porque atraem insetos e roedores que são alimentos para os peçonhentos.

Evitar entulho próximo às residências porque podem se tornar abrigos e proteção para alguns destes animais.

Fechar os possíveis acessos para os animais, tapando frestas e buracos no entorno e no interior das residências, colocando telas e protetores nas portas e janelas.

O chefe da DVZI lembra que eliminar o essencial para a vida dos animais é a melhor proteção. “Na prevenção, devemos considerar que os seres vivos precisam de água, alimento, abrigo e acesso. Quando alteramos pelo menos um destes fatores causamos forte impacto no ciclo biológico dos animais que, ou procurarão outro local para morar ou morrerão”.

Outra dica é quando entrar em uma residência ou local que esteve fechado por muito tempo, fazer uma varredura e limpeza, observando atentamente e com atenção os cantos e móveis para evitar as aranhas, tirar teias e eventualmente encontrar outros animais.

MAR – Caravelas e águas-vivas podem fazer a pessoa sentir muita dor e deixar marcas após o contato com o animal. Caso a pessoa tenha contato com águas-vivas ou caravelas, deve procurar atendimento médico com urgência, pedindo a ajuda de um guarda-vidas mais próximo para passar vinagre no local e avaliar a gravidade. Não esfregar a região atingida e nunca passar água doce ou outra substância.

ÁGUA DOCE – Prática comum no período de férias é a pesca e atividades de lazer em rios e nesse ambiente o cuidado com acidentes envolvendo animais também deve ser mantido. Os peixes bagres e as arraias são venenosos e causadores frequentes de acidentes na água doce.

O veneno causa dor local e pode gerar feridas de difícil cicatrização. A orientação é banhar ou mergulhar a parte do corpo atingida em água quente por 30 a 90 minutos, além de procurar uma unidade de saúde com urgência.

TRILHAS – Utilizar calçados fechados com cano alto ou perneiras é a orientação para quem vai percorrer trilhas. Para evitar picadas de aranhas, serpentes ou outros animais, não colocar as mãos em buracos, mexer em troncos ou pedras sem proteção de luvas ou algum objeto que mantenha distância segura, tais como uma vara ou galho.

CASAS – Vedar ralos, frestas, buracos e soleiras de portas e janelas. Afastar as camas e berços das paredes, evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Sacudir e verificar roupas e sapatos antes de usá-los.

JARDINS E QUINTAIS – Mantenha os jardins e quintais limpos. Evitar folhagens densas junto a paredes e muros das casas e manter a grama aparada. Para evitar contato com lagartas, deve-se tomar cuidado ao encostar em troncos de árvores e plantas no jardim. Usar luvas ao manusear e limpar os quintais e jardins.

VIGILÂNCIA – Caso encontre algum destes animais na residência, é importante acionar o serviço de saúde do município, que indicará como proceder para coleta ou captura para identificação da espécie e risco da gravidade dos acidentes. Se ocorrer acidente, a pessoa deve buscar imediatamente o atendimento médico mais próximo e, se possível, levar o animal causador ou uma foto. Para esclarecer dúvidas sobre os acidentes, o Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná está à disposição no telefone 0800-41-0148.

NÚMEROS – O Corpo de Bombeiros divulgou que entre os dias 16 de dezembro de 2019 e 13 de janeiro de 2020 há registro de 2.955 acidentes com águas-vivas. Já a Secretaria da Saúde registrou 541 ocorrências com águas-vivas, caravelas, bagres, arrais, sapos, formigas e mariposas em 2019.

A diferença da quantidade de acidentes registrados pelo Corpo de Bombeiros e a Saúde acontece porque os números da secretaria informam o número de pessoas, enquanto o Corpo de Bombeiros é a atendimentos.

 

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