Foto: TV Globo
O Paraná tem 70 candidatos que irão concorrer nas eleições de 2020 que receberam Auxílio Emergencial e declararam pelo menos R$ 1 milhão em bens. O levantamento foi feito pelo G1 com base nos dados do Ministério da Cidadania e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os bens declarados pelos candidatos, estão imóveis, propriedades rurais, uma lancha e uma aeronave. Apesar de determinar teto de renda, o auxílio não estipula limite de bens para receber o benefício.
O candidato a vereador de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, Ezequiel Lucas de Souza (PSB) declarou ter R$ 1 milhão em bens, entre os quais uma aeronave de pequeno porte avaliada em R$ 250 mil.
O avião é de uso privado, segundo registro na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo os dados do Portal da Transparência, o candidato, que também declarou ter uma cafeteria, recebeu R$ 2.400 de Auxílio Emergencial entre abril e agosto.
O candidato disse ao G1 que não pediu para receber o auxílio, mas que o dinheiro foi depositado de forma automática, pois está inscrito no programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, o dinheiro não foi usado e deve retornar para a Caixa.
“Automaticamente eles já ficam com o dados, está no sistema do Cadastro Único, mas foi feita uma solicitação para fazer o cancelamento. O valor está disponível na minha conta poupança, mas eles vão puxar de volta”, afirmou.
A candidata Luiza Camila dos Santos Czerwonka (MDB), que concorre a uma vaga na Câmara de Icaraíma, no noroeste do Paraná, declarou ter uma lancha avaliada em R$ 105 mil.
Ao todo, a candidata disse ter R$ 1,1 milhão em bens. Conforme o banco de dados do governo federal, Luiza recebeu R$ 1.800 de Auxílio Emergencial.
Luiza Camila disse que é microempreendedora individual e, por isso, tem direito ao benefício. A candidata afirmou que tem uma marina de embarcações em Porto Camargo, local conhecido pelas prainhas de água doce.
“Eu solicitei porque eu pago o MEI, mas já parei de receber. Eles liberaram para gente começar a trabalhar de novo com os devidos cuidados. Está tudo certinho”, comentou.
Em ambos os casos, o Portal da Transparência do Auxílio Emergencial não indicou indícios de irregularidades.
Perfil dos candidatos
O levantamento do G1 apontou que, dos 70 candidatos, 64 concorrem a uma vaga nas Câmaras de Vereadores, três são candidatos a vice-prefeito e três candidatos a prefeito.
Os candidatos são de 54 municípios diferentes do estado. As cidades que aparecem com o maior número de beneficiários do Auxílio Emergencial que declararam mais de R$ 1 milhão são:
Entre os candidatos de Virmond, está Osmar Luiz Palinski (Podemos), que concorre a prefeito. Ele declarou ter R$ 2,5 milhões em bens, sendo dois imóveis e um conjunto para fabricação de mangueiras e telhas.
De acordo com os dados do Ministério da Cidadania, Palinski recebeu R$ 1.200 de Auxílio Emergencial entre abril e agosto.
Outro candidato a prefeito é José Carlos Batista (PSL), que disputa a eleição em Paranacity, no noroeste do estado. O empresário recebeu R$ 2.400 de auxílio do governo, mas teve o benefício retido por indícios de não se enquadrar no programa, conforme o Portal da Transparência.
Batista declarou R$ 1,1 milhão em bens, entre eles uma casa e um terreno comercial, localizados no Centro da cidade.
Segundo o candidato, ele tinha direito ao benefício por ser microempresário, mas devolveu o dinheiro.” Eu vivo de um centro de eventos, que ficou fechado por causa da pandemia. O meu contador fez a solicitação e foi aprovado. O centro de eventos está até hoje fechado e eu não tenho renda própria, não sou aposentado.”
O levantamento apontou ainda que o candidato à Prefeitura de São Miguel do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, Lester Gomes de Moraes (PSDB) recebeu R$ 600 do benefício, mas devolveu os valores à União.
Vereadores com auxílio
O levantamento do G1 ainda identificou dois vereadores que estão exercendo o mandato que receberam Auxílio Emergencial: Rudimar Vagliati, de Cantagalo, na região central, e Thiago Augusto da Silva Oliveira, de Marumbi, no norte. Ambos declararam menos de R$ 1 milhão em bens.
De acordo com a lei, pessoas que ocupam cargos eletivos não têm direito ao benefício.
Rudimar Vagliati (Podemos) foi eleito suplente, mas ocupa atualmente cargo na Câmara de Cantagalo. Segundo o Portal da Transparência, o candidato à reeleição recebeu R$ 1.200 de auxílio.
Vagliati disse ao G1 que deveria ter assumido como vereador após a morte de um dos parlamentares, mas foi afastado do mandato até setembro deste ano por responder a um processo. Ainda segundo ele, durante o afastamento, ele optou por não receber o salário.
“Eu tinha um ponto comercial de sorvete. Veio a pandemia, fechou as portas, não tinha uma renda e entrei no sistema do auxílio, mas acabei não usando. Eu fiz a devolução”, afirmou.