Programas sociais do Estado transformam a vida de moradores de vila de Prudentópolis

11 de abril de 2022 às 14:33

A vida já foi muito sofrida para Rosane de Paula Fontoura, moradora da Vila Santana, em Prudentópolis, no Centro-Sul do Estado. Aos 45 anos, a dona de casa relata uma série de histórias não tão boas de lembrar, marca comum a tantos brasileiros. Com uma trajetória marcada por pouco dinheiro para necessidades básicas, como saúde, alimentação e educação, ainda tinha uma dificuldade adicional e primordial: moradia.

Rosane morou por 12 anos em uma casa de madeira, com estrutura precária, sem acesso a água e luz, ao lado do marido e dos três filhos de 23, 19 e 9 anos, além de uma cunhada de 14 anos que fica sob sua responsabilidade. Teve que recorrer a instalações irregulares para sobreviver e as compartilhava com cerca de 20 famílias do entorno da vila. Na contramão do desejo da maior parte da população para que chovesse durante o período de estiagem do Estado, seu pior pesadelo eram justamente as chuvas.

“Começamos a morar sem luz, usávamos uma vela, lampião de gás, pegávamos água no rio para lavar as coisas, água de balde do vizinho pra tomar. E quando chovia tinha muito barro. Para as crianças irem pra escola, tinham que pôr uma sacola no pé pra não chegarem com o calçado sujo. Alguns dias tinham que faltar na aula porque as ruas alagavam, não tinha como passar. A minha casa sempre alagava, era muito sofrido. Chuva era um trauma”, declara.

Nessa época, ela sequer sonhava que um dia teria uma casa em seu nome, com água, luz e acesso pavimentado, sua filha seria a primeira da família a estudar em uma universidade e sua cunhada teria aulas de robótica.

Roseni Batista Demenjon também sofreu com moradia ao longo da vida. Aos 43 anos, ela é casada e mãe de dois filhos, um de 9 e outro de 4. Por conta da pobreza extrema, precisou mudar de cidade muitas vezes para sobreviver, em busca de alimento e uma qualidade de vida minimamente digna, outra dessas histórias que são brasileiríssimas.

Seu marido sofre com problemas psiquiátricos e para ter acesso a um tratamento adequado eles decidiram deixar a zona rural para buscar a vida na cidade. Conseguiam pagar aluguel com o pouco que tinham, mas depois, para não morrerem de fome, precisaram escolher entre morar ou comer. Mudaram então para uma invasão em área pública em Prudentópolis.

A escolha levou a família a enfrentar outras dificuldades, como alagamentos, falta de água e luz. “Lá alagava, era um banhado. A enxurrada vinha para a casa. Nós tínhamos muita dificuldade, somos de família pobre. Era muito sofrido, a água era ruim, eu limpava pra gente tomar, passava num pano. Não tinha luz”, conta. O destino a levou, ao fim desse ciclo, para a Vila Santana.

Clarice Borges dos Santos dos Passos, de apenas 27 anos, também foi uma entre tantas mulheres que sofreram com as chuvas em moradias precárias. Mãe de uma menina de 12 e um garoto de 9, está à espera do terceiro filho. “Onde eu morava tinha bastante dificuldade, era área de banhado e era um sofrimento quando chovia”, relata.

Quem passou pela mesma situação foi Olivio Gonçalves dos Santos, 70 anos, que morava sozinho em uma “meia-água” de madeira. Quando anuviava, ia para a casa da sobrinha. “No outro dia chegava lá pra olhar minha casa, estava toda esgualepada. Sofria ali, mas eu não tinha pra onde ir”, diz. Apesar disso, sempre tentou encarar a situação de maneira positiva. Costumava dizer que “casa com gente dentro não cai”. “E não caiu, mas passei dificuldade. Quando derramava água enchia tudo”.

TRANSFORMAÇÃO

Depois de tantos anos de sofrimento, a realidade das famílias que viviam em situação de vulnerabilidade em Prudentópolis passou por uma grande transformação, que é a principal das qualidades da gestão pública – mudar a vida das pessoas para sempre. Em dezembro de 2021, o Governo do Estado entregou as 90 casas do novíssimo Residencial Vila Santana, local onde 90 famílias residiam de forma injusta em moradias precárias.

A iniciativa fez parte do programa Casa Fácil Paraná, que por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) subsidiou a entrega das casas sem custo, incluindo o terreno, que foi doado pela Prefeitura. Além da construção, as obras envolveram a reforma de imóveis que tinham boa condição estrutural, e também a regularização dos lotes e obras de infraestrutura e urbanização da região, como pavimentação das ruas e parques.

Rosane, Roseni, Clarice e Olívio mudaram com suas famílias para o residencial e o sentimento entre eles foi unânime: o medo das chuvas ficou para trás. “A gente é muito grato por essa requalificação. Foi uma benção. Pra quem passou 12 anos sofrendo, agora tá tudo certinho, com água e luz. Não tenho o que reclamar, só agradecer. Hoje a minha casa é do jeitinho que eu pedi a Deus. Não importa se chove ou não. Eu me vejo no paraíso”, afirma Rosane.

Roseni conta que a casa é a realização de um sonho, e que trouxe conforto e segurança para a família. “Ficamos felizes do Governo reconhecer que a gente necessitava. Lá na invasão era muito sofrido para nós, para as crianças. Agora a casa é bem feitinha, não tem que se preocupar se vai molhar dentro, ficar frio, que vai cair um pedaço da casa. Nós que viemos de uma família pobre nunca faríamos uma casa como essa”, diz.

“Mudou bastante a minha vida. A gente espera tanto tempo por esse momento de estar sossegadinho num lugar sem precisar se preocupar com chuva. Lá a gente tinha que sair na água suja, já aqui não, a qualidade de vida da gente é melhor, pra saúde da gente”, completa Clarice.

As obras tiveram um investimento de R$ 7,3 milhões com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O projeto foi elaborado pela Cohapar, que também licitou a construtora responsável pela execução do trabalho, fiscalizou o andamento das obras e, em conjunto com a Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf) e o município, prestou assistência social às famílias durante todo o processo.

Durante as obras, período em que precisaram sair da região afetada, as famílias beneficiadas pelo programa receberam o aluguel social do Nossa Gente, da Sejuf, para ter acesso a uma moradia digna enquanto o bairro em que viviam estava sob intervenção.

A família de Rosane vive com a renda do marido, que trabalha em uma loja de cerâmica. Com o valor de R$ 600 do aluguel, conseguiu pagar a residência provisória onde morava, enquanto aguardava a construção da nova casa. Esse foi o mesmo caso de Clarice. “Eu também não tinha de onde tirar o dinheiro do aluguel. O meu marido é empregado mas mal dá pra sobreviver. O aluguel é caro, daí ajudou”, relata.

E as residências ficaram no nome de Rosane, Clarice e Roseni, já que o programa Casa Fácil Paraná tem como principal público beneficiado as mulheres. Desde 2019, cerca de 4.700 contratos têm mulheres como titulares, o que representa 77% das unidades habitacionais entregues no período. “A minha casa está no meu nome. É bom que as mulheres fiquem como titulares da moradia porque geralmente, no meu caso, meu marido sempre trabalha, se precisar ir numa reunião representando, quem vai sou eu”, afirma Rosane.

Isso só foi possível porque o Estado tem reforçado as ações voltadas ao público feminino. Um exemplo é o decreto estadual 7.666/2021, que estabeleceu as diretrizes de atendimento do programa, prevendo prioridade no atendimento a famílias chefiadas por mulheres e cota para aquelas protegidas pela Lei Maria da Penha.

“Ninguém é feliz sem ter uma casa própria, saúde, educação, segurança e alimento na mesa. Estamos construindo um Paraná mais solidário”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Já entregamos mais de 1,1 mil casas nesse modelo, que atendem famílias que residem em áreas de risco ou condições precárias. E temos outras 500 unidades em obras, além de outros programas da Cohapar. É um investimento para levar vida digna aos paranaenses de todas as idades”.

COMIDA BOA

E moradia é apenas uma das pontas de um conjunto de ações bem amplo na área social. Em 2020, no auge da pandemia, outro programa do Estado para a população mais vulnerável entrou em ação: o Cartão Comida Boa, de transferência de renda para a compra de itens de necessidade básica. Ele foi destinado a todas as famílias de Prudentópolis em situação de pobreza (renda familiar mensal, per capita, entre R$ 100 e R$ 200) ou extrema pobreza (renda familiar mensal, per capita, de até R$ 100), que não eram atendidas pelo então Bolsa Família (atual Auxílio Brasil), do governo federal. Foram 5.170 beneficiados, com um investimento total de R$ 533 mil.

“Eu recebi em 2020. Ajudou muito porque as coisas eram mais em conta, dava pra fazer uma compra boa. Comprava sempre alimento, feijão, arroz, trigo. Essa ajuda do Cartão Comida Boa, mais a casa, é uma ajuda boa. Os piás se atrasaram muito nas escolas porque a gente mudava muito pra conseguir o alimento para não perecer”, conta Roseni. Na época, eram R$ 50 por mês. Hoje, são R$ 80, e de forma perene, a todas as famílias que precisam desse apoio no Paraná. Isso quer dizer que a gestão estadual vai auxiliar todos os meses, durante todos os próximos anos, aqueles que mais necessitam de alimentação no Paraná.

EDUCAÇÃO

A vida dessas famílias também passou por outra guinada. Além de contarem com apoio relacionado à moradia e alimentação, elas dependem da educação pública para a formação dos filhos. Esse ciclo envolve a universalização do ensino superior e novos programas de aprendizado no fundamental ao Ensino Médio.

A cunhada de Rosane, Rayane de Lima Fontoura, 14, estuda no Colégio Cívico-Militar Barão de Capanema, uma novidade da gestão. Ele recebeu do Governo 200 conjuntos de carteiras novas para todas as salas e kits de robótica. O colégio também tem Edutech, Mais Aprendizagem, uma sala de recursos multifuncional para alunos da educação especial, vôlei e futsal.

Neste mesmo espaço estuda a aluna Ludmila Felema, que atualmente está representando Prudentópolis no Ganhando o Mundo, programa de intercâmbio criado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) para ofertar a estudantes do Ensino Médio da rede pública formação acadêmica em instituições de ensino estrangeiras, que ofereçam curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil. Na semana passada, os alunos participaram até de uma conferência com a embaixadora do Canadá no Brasil, Jennifer May.

Kaiuri de Paula Fontoura, 19, filha de Rosane, atualmente estuda na Unicentro, em Guarapuava. Conseguiu passar no vestibular frequentando apenas a rede estadual de ensino. “Do começo do ensino até o nono ano estudei no Colégio Estadual Vila Nova e, quando fui para o ensino médio, estudei no Centro Estadual de Educação Profissional Arlindo Ribeiro, em Guarapuava. Prestei vestibular para a Unicentro, para biologia e medicina veterinária, passei nas duas. Senti que no colégio agrícola eles me apoiaram para o vestibular”, diz.

Entre 2019 e 2021, o Governo do Estado, por meio do Fundo Paraná, programa de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico do Estado, investiu cerca de R$ 14 milhões em diferentes projetos na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) em Guarapuava, que foram destinados ao Paraná Fala Línguas Estrangeiras; à infraestrutura do Campus Santa Cruz; restauração do estúdio de TV; apoio para infraestrutura da feira agroecológica; entre outros.

“Estudar na Unicentro é muito bom, além de ser uma faculdade pública, é de qualidade. Eu vou ser a primeira da família formada. Fico muito grata e orgulhosa. Quero terminar essa, fazer medicina veterinária, sempre buscar cada vez mais conhecimento para melhorar não só a minha vida, mas a da minha mãe e das crianças. Sem uma faculdade pública, um colégio público de qualidade, eu não teria chegado nem à metade onde eu estou hoje”, ressalta Kaiuri.

E ela não esquece do Colégio Estadual Vila Nova, também assistido pelo Estado. Ele recebeu repasses do Fundo Rotativo, pago pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), de pouco mais de R$ 162 mil, entre 2019 e 2021. O valor inclui cotas para consumo, serviço, alimentos e reparos na estrutura. Um exemplo é uma obra de drenagem concluída em 2019 no valor de cerca de R$ 82 mil. Sem ambiente adequado, não há educação de qualidade.

A filha mais velha de Clarice, Karolaine Borges dos Passos, de 12 anos, estuda lá. “O ensino deles está sendo bom, eu quero que eles tenham um futuro bem melhor do que o da gente, e estudando, acredito que conseguem”, afirma Clarice, que sonha que as crianças um dia entrem em uma universidade pública. “A gente quer que vá até o final, até eles conseguirem uma profissão, ser alguém na vida”.

Além disso, durante a pandemia, o colégio distribuiu 4.437 kits com alimentos para as famílias (31 mil quilos), o que totalizou um investimento de aproximadamente R$ 155 mil, dentro da política de descentralização dos alimentos da merenda escolar, mesmo sem as aulas presenciais. O local ainda conta com o Edutech no contraturno, programa que oportuniza a aprendizagem da programação, contemplando o pensamento computacional, a cultura e o letramento digital; o Mais Aprendizagem, que presta reforço aos alunos; e aulas de vôlei e futsal.

(Matéria: AENPr/com revisão)

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