Arranjo de pesquisa de universidades do Paraná estuda emergência climática

14 de maio de 2024 às 14:32

O desastre do Rio Grande do Sul já traz perdas incomensuráveis, tanto do ponto de vista social/econômico quanto humano. São milhares de desabrigados, mais de uma centena de mortos, fazendas destruídas, criações de animais ilhadas, aeroportos alagados e cidades inteiras afetadas. Esse cenário agora também será objeto de estudo do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Emergência Climática, que estuda fenômenos dessa natureza.

O Napi avalia cenários e possibilidades e sugere soluções envolvendo sustentabilidade ambiental para serem adotadas por toda a sociedade levando em consideração os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O arranjo de pesquisa é uma iniciativa da Fundação Araucária que reúne pesquisadores da UEL, UEM, Unicentro, Unespar, Unioeste, UEPG, UFPR, UTFPR e PUC-PR.

Com atuação em cinco eixos temáticos, que vão do diagnóstico das mudanças globais e dos impactos das mudanças climáticas na biodiversidade à adaptabilidade e resiliência humana frente às intempéries climáticas, com foco no Paraná, o Napi conta, segundo dados da plataforma online iAraucária, com 50 pesquisadores e bolsistas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado..

Segundo Marcos Robalinho Lima, professor do Departamento de Ecologia (CCB) da UEL e membro do Napi, os impactos das mudanças climáticas na biodiversidade e nas bases ecológicas do território paranaense são muito grandes. Nesse eixo, destaca o pesquisador, a equipe estuda a biodiversidade no Paraná, além dos chamados modelos de distribuição de espécies e, também, modelos de distribuição agrícola.

“Avaliamos se determinado local é melhor ou não para a produção de soja, ou de milho, por exemplo, levando em consideração as questões climáticas e um prognóstico que considere variações climáticas nos próximos anos”, diz o pesquisador, que também é o coordenador institucional do Napi Biodiversidade – a Fundação Araucária mantém 50 redes de pesquisa em andamento sobre diferentes temas.

Outras linhas de atuação dentro do eixo também são a avaliação do surgimento de espécies invasoras, o que varia de acordo com as mudanças climáticas evidenciadas. Há quem estude a viabilidade da permanência de árvores nativas, como a araucária, em regiões que hoje em dia estão mais quentes, como a região Norte e Norte Pioneiro, e também quem acompanhe de perto o aumento das pragas urbanas, como escorpiões, que passaram a circular muito mais pelas cidades devido ao aumento da temperatura.

“As mudanças climáticas são multifatoriais e afetam a todos em todas as áreas”, avalia o pesquisador.

O Napi Emergência Climática agrupa desde geógrafos até profissionais da educação, engenheiros e biólogos na esperança de encontrar, na pesquisa nas universidades, formas viáveis de enfrentar uma situação que ainda pode ser revertida. “O alerta vem sendo dado há anos, não só por ambientalistas, mas também por pesquisadores de outras áreas. As reações de perplexidade frente à crise climática global e aos episódios recorrentes de enchentes, alagamentos, chuvas torrenciais, tornados e toda a sorte de problemas ambientais já não podem ser mais negados”, afirma.

O projeto também prevê ações de conscientização e letramento sobre a questão climática. O Napi Emergência Climática tem três anos de duração, com investimento do Governo do Estado, via Fundação Araucária, de R$ 3,2 milhões, entre os quais R$ 2,1 milhões para o pagamento de bolsas estudantis.

 

Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

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