O Museu Paranaense (MUPA) foi contemplado na 9ª edição do Prêmio Darcy Ribeiro de Educação Museal, criado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) para reconhecer e valorizar ações de educação museal nacionais que os fortaleçam como espaços de produção e disseminação de conhecimentos.
O MUPA foi reconhecido pela abordagem educativa da exposição de longa duração “Ante ecos e ocos”, que reflete sobre a presença negra no Paraná. A partir da mostra e em especial de bordados feitos por cinco bordadeiras de Curitiba e região, foram realizadas várias ações como oficinas, mesas de conversas e mediações, integrando arte e educação de forma coletiva.
De acordo com a diretora do Museu Paranaense, Gabriela Bettega, a premiação reafirma o compromisso do Núcleo Educativo do MUPA com práticas pedagógicas críticas e colaborativas, promovendo a construção coletiva do conhecimento em espaços de educação não formal.
“Essa conquista ressalta o papel transformador do museu como um espaço de diálogo e reflexão, contribuindo para ampliar as vozes e histórias que compõem o patrimônio cultural do Paraná”, disse.
Além de ser um reconhecimento inédito para a instituição, o MUPA destacou-se como único museu do Paraná contemplado nesta edição do prêmio. Ao todo foram selecionadas 30 propostas de 14 estados. O prêmio permitirá a articulação de demais ações vinculadas à comunidade, prezando o reconhecimento de narrativas e protagonismo dos agentes envolvidos em todas as escalas nestes processos institucionais.
OUTROS PRÊMIOS – Além do reconhecimento na 9ª edição do Prêmio Darcy Ribeiro, do Ibram, o Museu Paranaense foi indicado em duas categorias na votação nacional Melhores de 2024 da revista “arte seLecT_ceLesTe”: melhor exposição coletiva, com Objeto Sujeito; e instituição de maior destaque. A votação é aberta e segue até o próximo domingo (15) AQUI.
HISTÓRICO – Inaugurada em novembro de 2022, “Ante ecos e ocos” é uma exposição de longa duração que apresenta a cultura afro-brasileira no Paraná. A mostra é um projeto de curadoria compartilhada, realizada por um grupo interdisciplinar de pesquisadores e artistas negros.
Seis núcleos principais desenham a narrativa dessa mostra, que aborda o quilombo, o Carnaval, a religiosidade, a congada, o período do pós-abolição e a capoeira. Esses conjuntos são formados por vídeos, fotografias, documentos históricos e outros materiais da história afro-paranaense sob a guarda do Museu, que tiveram seus hiatos e ausências preenchidos por novas aquisições e itens produzidos exclusivamente para a exposição, relacionados à comunidade afro-paranaense e suas expressões.
No processo de pesquisa no acervo, a curadoria localizou uma série de retratos de pessoas negras onde constavam em registro apenas seus nomes, sem demais informações contextuais.
Compreendendo as lacunas históricas da representação negra em instituições como o MUPA, foram convidadas cinco mulheres negras de Curitiba e Região Metropolitana para refletir e reinterpretar esses retratos por meio de bordados.
Emilaine de Oliveira, Eliana Brasil, Stephanie Paes de Oliveiras, Angela Terezinha Costa e Valdelice Rosa dos Santos, transpassando a linha e suas experiências, apresentaram cinco bordados singulares, feitos a partir de trajetórias individuais e coletivas, que foram incorporados à exposição.
A partir dessa ação e da inauguração da exposição, a equipe do Núcleo Educativo desdobrou outras ações: oficina e mesas de conversa com a presença das bordadeiras e de parte da curadoria da exposição, além de diversas mediações com o público visitante.