Na noite desta Quarta-feira de Cinzas, a comunidade da Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, reuniu-se para a Santa Missa, presidida pelo bispo diocesano, Dom Amilton Manoel da Silva, marcando o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2025..
Ao acolher os fiéis, Dom Amilton destacou o significado deste tempo litúrgico, convidando a todos a uma vivência mais profunda da fé. “Estamos abrindo o tempo quaresmal, 40 dias nos quais queremos aprofundar a nossa vida humana e cristã.
Sob o olhar de Deus, queremos caminhar, buscando qualificar nossa vida cristã e encher nossas atitudes com o amor divino. Sejam todos bem-vindos e bem-vindas”.
Em sua homilia, o bispo explicou que a Quaresma é um tempo litúrgico que foi ampliado ao longo da história da Igreja. “Iniciamos hoje o tempo quaresmal, um período de 44 dias.
Mas não eram 40? Simbolicamente, esse número existia até o Concílio Vaticano II. Depois, São Paulo VI acrescentou mais quatro dias, pois antes a Quaresma terminava no Domingo de Ramos. Agora, ela se estende até a Quinta-feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor”, esclareceu.
Dom Amilton também reforçou que a Quaresma é um período de preparação para a Páscoa, vivido por meio de três práticas fundamentais: oração, jejum e caridade.
“A Quaresma, por si só, poderia ser apenas um tempo litúrgico passageiro, mas Deus nos convida à transformação: ‘Eis que faço novas todas as coisas’”, afirmou.
A Quarta-feira de Cinzas marca ainda o início da Campanha da Fraternidade 2025, que este ano traz o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, e o lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Dom Amilton ressaltou a importância dessa iniciativa, que acontece no Brasil há 61 anos, desde 1964.
“A Campanha da Fraternidade nasceu como uma coleta para a Cáritas e, ao longo do tempo, se consolidou como um instrumento de conversão e caridade. Sua insistência revela que ainda há muito a ser feito pelo Brasil”, observou.
O bispo enfatizou a urgência do cuidado com a Casa Comum, destacando que ações simples fazem parte da vivência cristã. “Precisamos ajudar o planeta a respirar melhor, despoluir rios, preservar florestas e praticar pequenas ações diárias, como separar o lixo, não contaminar a água e cuidar dos animais. Isso faz parte do catolicismo! Cuidar da natureza é um dever religioso”, afirmou.
Ele também recordou a ligação da Campanha da Fraternidade com São Francisco de Assis, cuja espiritualidade inspira a Laudato Si’, encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado com a criação. “Neste ano celebramos os 800 anos do ‘Cântico das Criaturas’ de São Francisco e, há 10 anos, o Papa nos presenteou com a Laudato Si’. Francisco nos lembra que, antes de sermos filhos de Deus, somos criaturas. E tudo está interligado. Se eu não cuidar do planeta, a vida humana também será afetada”, alertou.
Durante sua reflexão, Dom Amilton citou um pesquisador ambiental, que, apesar de não ser cristão, trazia uma mensagem relevante sobre a necessidade de mudança de mentalidade em relação ao meio ambiente.
“Ele dizia que enquanto pensarmos ‘eu, o outro, o mundo e o planeta’, não criaremos consciência ecológica. Precisamos inverter essa lógica e entender que somos parte de um todo.
Pequenos atos individuais beneficiam o planeta inteiro, tanto os seres humanos quanto os animais.
Por fim, Dom Amilton reforçou que a Campanha da Fraternidade é um chamado à conversão e à caridade, unindo fé e compromisso social.
Após a homilia, o bispo abençoou as cinzas, que foram impostas sobre a cabeça dos fiéis, simbolizando a fragilidade humana e a necessidade de conversão neste tempo sagrado da Quaresma.