Com salários congelados há quatros anos, milhares de servidores públicos do Paraná entram em greve a partir desta terça-feira (25). A paralisação foi confirmada por professores da rede pública e superior do estado, policiais civis e militares, agentes penitenciários e várias outras classes de servidores estaduais. Até o momento, 30 entidades já confirmaram que cruzarão os braços.
Os trabalhadores denunciam uma defasagem de até 17% nos salários. Para os servidores, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), está dando um “calote” e desrespeitando uma promessa de campanha.
Os servidores estaduais pedem no mínimo a recomposição salarial da inflação oficial do último ano, calculada em 4,94% no mês da data-base, segundo o índice IPCA.
Alguns servidores reclamam que o governador Ratinho Junior nem sequer sentou à mesa de negociações.
“Qual o medo de sentar para conversar com policiais? Governador: na mesa de negociações não estarão bandidos, serão policiais”, questionou o presidente do SINCLAPOL (Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná) Kamil Salmen.
Ele também revela que serão abertos processos contra o estado e a JMK, empresa responsável pela manutenção de viaturas. “Vamos entrar com ação porque está colocando a vida do policial ainda mais. Já temos perigo eminente, mas agora estamos andando com veículos nesse estado. Tem carro com mais de R$ 100 mil de manutenção, três vezes maior que o valor do próprio veículo. Um absurdo”, completou.
Sindicatos que representam os servidores públicos apontam que os salários congelados estão diminuindo sensivelmente o poder de compra e a qualidade de vida dos funcionários. Segundo o DIEESE, de 2015 a 2019, a água e o esgoto estão 30% mais caros; o gás de cozinha subiu 22,42%; e a gasolina aumentou 15% desde o último reajuste salarial.
“A Constituição diz que o salário não pode sofrer diminuição. Uma vez que o governo congela os salários por quatro anos, em razão da inflação, há essa diminuição. Temos uma perda salarial gigantesca. Se a água subiu 30% nesse período, com os nossos 17% de defasagem, já são 47% de perda de poder aquisitivo em relação a água, por exemplo”, argumenta o presidente da ADEPOL (Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná), delegado Daniel Fagundes.
Várias categorias de policiais civis se deslocaram em carreta para protestar nesta segunda-feira (24) em frente ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo estadual. O governo do Paraná afirmou que não iria comentar a carreata das classes de policiais civis.
A Greve Estadual Unificada foi convocada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES). Com início marcado para estar terça-feira (25), a mobilização não tem data para acabar.
“A greve segue por tempo indeterminado, até que o governador Ratinho Júnior cumpra com suas promessas de não retirar direitos dos servidores e servidoras públicos”, diz o grupo, em comunicado.
O governador Ratinho Junior (PSD), em agenda pelo interior do Paraná, afirmou que o estado não tem condições financeiras para dar o reajuste prometido aos servidores.
“Essa é uma discussão complexa. Entendo o trabalho dos servidores como árduo e importante. Mas temos de reconhecer que o Paraná está pagando o salário em dia. Há muitos estados com dificuldades de pagar até mesmo os aposentados”, justificou.
Nesse cenário, Ratinho condicionou o reajuste ao aumento e impostos.
“Não existe a possibilidade de reajuste, porque representaria quase R$ 1 bilhão a mais de gastos. Temos que trabalhar com a realidade. Isso exigiria aumento de arrecadação e a população já paga muito imposto”.
Fonte: Paraná Portal