Dois projetos literários desenvolvidos na rede estadual de educação ganharam projeção nos últimos meses. Eles envolvem as escolas Júlio Teodorico (Ponta Grossa, nos Campos Gerais) e Rodrigues Alves (Maringá, no Noroeste), com alunos dos componentes de Língua Portuguesa e Redação, e prometem formar uma nova geração de escritores e leitores.

Em Ponta Grossa, 84 estudantes dos 6°, 7° e 8° anos do projeto Formando Autores publicaram 84 livros diferentes. Os temas foram livres, embora os alunos tenham passado por atividades práticas individuais e colaborativas para deixar fluir a imaginação. Eles foram impressos e vão virar e-books.

Entre eles está “Amor Proibido”, de Manuela Martinkoski, de 11 anos, do 6º ano. É uma espécie de “Romeu e Julieta” dos dias de hoje. “Conta a história de dois jovens de classes sociais diferentes que se amavam muito, mas que não podiam ficar juntos por uma série de questões”, contou a autora, que é leitora assídua desde sempre. “Eu tinha muita dúvida do que queria fazer, mas agora tenho certeza de quero ser escritora”.

Gláucia Marília Hass, coordenadora do projeto, destacou o evento de lançamento, que celebrou essa conquista. “Na noite de autógrafos pudemos reunir familiares e amigos dos autores, comunidade escolar, ex-professores, e representantes do Núcleo Regional de Educação para celebrarmos essa importante conquista dos alunos, que entenderam o quanto era grande ser autor”, disse. “A alegria dessa descoberta estava estampada no rosto deles e essa é a principal razão que motiva a todos nós professores a seguirmos na profissão, sonhando com um mundo melhor”.

“DONOS DA HISTÓRIA” – Em Maringá, um grupo de alunos dos anos finais do ensino fundamental e outros do ensino médio da Escola Estadual Rodrigues Alves produziu o livro “Os Donos da História”, também lançado em dezembro em uma cerimônia de autógrafos prestigiada por toda a comunidade escolar. O projeto é coordenado pela professora Daniele Cristina Benicio dos Santos.

Uma das autoras, Emylli Vitória Amâncio Costa, da 1ª série do ensino médio, conta que foi apresentada bem cedo à literatura de Machado de Assis e Jane Austen, autores que a levaram para um mundo de questionamentos. “Falar da importância da leitura me emociona muito. Sou uma garota de apenas 16 anos, mas já posso dizer que conheço o mundo, talvez de uma perspectiva diferente. A leitura me ajudou não apenas na vida escolar, mas também na minha vida social”, afirmou.

Outro amante das palavras e coautor na publicação, Guilherme Gutierres, do 8º ano do ensino fundamental, disse que também costuma “dar asas à imaginação” desde pequeno.  “Aprendi que os maiores conhecimentos humanos estão registrados em livros. A leitura faz parte da minha vida. Foi muito importante publicar meu livro,  porque percebi que posso ganhar o mundo contando histórias. E quanto mais cedo eu virar autor, mais cedo terei histórias para compartilhar”, acrescentou.

Para a coordenadora do projeto, é importante que os jovens descubram o poder que as palavras têm e a gama de possibilidades que o domínio da linguagem descortina para quem a detém. “A ideia do projeto foi trabalhar e fortalecer a importância da educação, por meio da literatura, estimulando nos estudantes a imaginação, a criatividade, o pensamento crítico e a empatia da forma que mais gostam: utilizando a internet”, complementou Daniele dos Santos.

Nesse colégio também funciona o projeto Grã Ordem Sociedade Literária, com rodas de leitura e produção de contos e poemas, que se expandiu quando a instituição se tornou de tempo integral. Nos últimos anos foram criados espaços para alunos de todas as turmas produzirem vídeos com dicas, resenhas de livros e também compartilharem e publicarem seus contos e poemas na página @gran.ordemsociedadeliteraria no Instagram.