Considerada uma das enfermidades mais antigas do mundo, a hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae de evolução lenta. Em meio ao Janeiro Roxo, mês de prevenção e conscientização sobre a hanseníase, a Farmácia Escola da Unicentro tem desempenhado um papel vital na detecção e no monitoramento da hanseníase na região Central do Estado.
A hanseníase é fácil de diagnosticar, tratar e tem cura. O diagnóstico é feito pelo exame clínico realizado pelo médico e pelo exame laboratorial. Desde de 2022, o Laboratório de Análises Clínicas da Farmácia Escola da Unicentro (Farmesc) realiza exames de baciloscopia direta para pesquisa do bacilo de Hansen em um contrato de parceria com a 5ª Regional de Saúde do Paraná, que organiza as demandas dos pacientes oriundos dos 19 municípios da região e os encaminha para a Unicentro. Na Farmesc é feita a coleta da linfa e realizado todo o exame microbiológico.
“Essa parceria é muito proveitosa. Ela tem funcionado muito bem e tem mostrado resultados muito interessantes. Em 2023, nós tivemos um acréscimo de serviço da ordem de quase 200% na demanda”, conta o coordenador da Farmesc, Marcos Auler.
Para o professor, o trabalho realizado pela Farmesc é fundamental para o diagnóstico e diminuição dos casos da doença, pois ainda faltam locais especializados para a realização dos exames na região. “A gente está fazendo um trabalho de utilidade pública, porque é uma doença grave. O Brasil é o segundo país no mundo que mais tem casos de hanseníase. Fornecer resultados com qualidade é de extrema importância, ajuda muito para diminuir o número de casos, esse é objetivo”, afirma.
Todo o processo de atendimento, coleta e análise conta com a participação de acadêmicos de graduação e pós-graduação, unindo o ensino, a pesquisa e a extensão. Ao todo, dois professores e nove acadêmicos têm desempenhado um papel ativo nesse processo. “Dentro desse serviço, a gente tem projeto de extensão, tem projeto de pesquisa e tem atividades acadêmicas, que os alunos participam e aprendem, então eles têm a oportunidade de entrar em contato com o paciente, com a rotina, vivenciar o dia a dia de uma rotina laboratorial”, conta.
A acadêmica do mestrado em Nanociências e Biociências, Thaís Kremer, enfatiza a importância do trabalho no Laboratório de Análises Clínicas. “O projeto de extensão para mim é muito valioso porque ele vai em um nível de conhecimento maior na área biomédica, ele está acrescentando bastante na minha profissão também”, afirma.
“Na graduação a gente não vê essa parte de exames mais específicos e contato com o paciente. No Laboratório dá mais vontade de estudar coisas diferentes, publicar artigos, incentiva mais a gente a ir atrás de coisas que na graduação a gente vê mais rápido”, complementa Louise Kley, acadêmica do 3º ano de Farmácia.
HANSENÍASE – Apesar de antiga, a doença ainda persiste como um desafio global de saúde pública e possui um longo período de incubação, em média cinco anos, podendo chegar até 10 anos.
A manifestação clínica ocorre através de sinais e sintomas dermatoneurológicos, como lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. Geralmente, o que chama atenção do paciente são manchas na pele com perda da sensibilidade ao calor, dor ou tato. Essas lesões podem estar localizadas em qualquer parte do corpo, mas ocorrem com maior frequência na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, mas raramente ocorre em crianças. Com o não tratamento, a evolução da doença pode levar a incapacidade física inclusive com deformidades que podem impactar na diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos, devido ao estigma e preconceito contra a doença.
A transmissão da doença ocorre através dos bacilos presentes nas gotículas de saliva eliminadas por pessoas portadoras não tratadas e em fases avançadas da doença. Com o início do tratamento a transmissão é interrompida.