Ontem fui impedido de ver um paciente do interior no perímetro da Santa Casa de Prudentópolis.
Na verdade, eu apenas fiz um pedido de radiografia pra o paciente fazer particular, que foi negado, e queriam encaminhar o paciente pra fora (o que não seria o caso).
Eu só queria ver a radiografia e de onde estivesse poderia prescrever (uma vez que o atendimento por telemedicina já é regulamentado, e mesmo de Guarapuava eu poderia enviar a receita eletrônica).
O fato de eu ter que ver o paciente se deu em razão de não haver ao menos uma radiografia.
Não que eu queira ter nenhum contato com a atual gestão e com pessoas que se declararam (gratuitamente) meus desafetos, mas já estaria de bom tamanho que eu pudesse ver o paciente na recepção, ali onde o público em geral tem acesso, estava frio, e o paciente somente precisava de um lugar, poderia ser num posto de gasolina ou debaixo de uma árvore, ou, mesmo com frio, numa praça (onde de fato foi realizada a consulta)
Saí de Guarapuava às 19h0min e somente consegui chegar às 23h30min e atendi a criança na praça de frente ao Bradesco, perto da Farmassim, examinei, fiz a consulta e prescrevi.
Pois bem. Não foi a primeira vez.
A primeira vez que fui impedido de entrar na Santa Casa foi por determinação de uma pessoa amarga da secretaria de saúde, internei um amigo da Cachoeirinha, e no outro fui impedido de vê-lo. Infelizmente, poucos dias após, faleceu na UTI.
Há pouco tempo, a família de paciente também do interior, pagou consulta no PAF apenas para pedir que eu fosse vê-lo na UTI, tomar conhecimento do caso e dar uma segunda opinião (como prevê o Ministério da Saúde).
Solicitei a visita do doente formalmente, citei os dispositivos legais que prevê que todo e qualquer paciente tem direito à visita do seu médico pessoal, mas foi-me informado de que seria passado para o “jurídico” que haveria de dar uma decisão, concedendo (ou não) esse direito ao paciente. Não houve resposta.
Desse modo, presumo que se minha mãe estiver hospitalizada na Santa Casa eu não teria o direito como cidadão de visitá-la, uma vez que sequer tive direito à visita (como pessoa e não como médico) aos pacientes que tentei ver.
Nem no horário de visita me foi permito vê-los.
A pretensão do atual provedor já foi manifesta na internet nos tempos da eleição: me expulsar com minha família de Prudentópolis.
Esse senhor já declarou que deveriam me devolver à “querência” de onde vim. Mas falta-lhe muito pra dar conta dessa pretensão, e seu problema vai muito mais além da falta de coragem.
Felizmente o senhor Provedor nunca foi nem será homem suficientemente pra isso, e decerto ele nunca esteve nos meus planos e projetos para a saúde de Prudentópolis, e dele eu nunca quis nem o voto.
Da Santa Casa tenho a triste lembrança de chegar às 19h pra começar o plantão e ter gente esperando desde às 14h.
Enquanto eu estiver vivo e houver um paciente aí eu estarei exercendo a profissão que elegi desde a minha primeira mocidade, mesmo que seja numa praça ou debaixo de uma árvore, meu ofício é maior do que amargura de gente que eu tive o desprazer de conhecer.